Todos os anos, milhões de pessoas tomam a Avenida Paulista com cores, bandeiras, glitter, alegria e, principalmente, com uma mensagem: existimos, resistimos e temos orgulho de quem somos. Mas por trás das festas e dos trios elétricos da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, há uma história de luta que precisa ser lembrada e continuada.
Uma marcha que nasceu da resistência
A história do orgulho LGBT+ tem um marco inegável: a Revolta de Stonewall, em 28 de junho de 1969, em Nova York. Naquela noite, frequentadores do bar Stonewall Inn, cansados das constantes batidas policiais e da repressão, decidiram reagir. Entre os nomes que lideraram essa resistência estavam Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, ativistas trans que transformaram dor em força coletiva.
Marsha P. Johnson era uma mulher trans, negra e pobre, conhecida por sua ousadia, carisma e generosidade. Artista drag e ativista incansável, ela foi uma das figuras mais visíveis nos protestos de Stonewall e, ao longo da vida, lutou pelos direitos de pessoas trans, em especial daquelas marginalizadas. Fundadora, ao lado de Sylvia, do grupo STAR (Street Transvestite Action Revolutionaries), dedicou-se a acolher jovens trans em situação de rua e a desafiar a transfobia estrutural — inclusive dentro do próprio movimento gay da época.

O levante de Stonewall deu origem, no ano seguinte, à primeira marcha do orgulho LGBT+ da história — e plantou as sementes de um movimento global que ecoa até hoje.
No Brasil, a primeira Parada do Orgulho LGBT+ aconteceu em 1997, reunindo cerca de 2 mil pessoas na Avenida Paulista. Desde então, o evento cresceu exponencialmente, tornando-se a maior parada do orgulho do mundo, com milhões de participantes. Mas mais do que tamanho, a importância da parada está no que ela representa: visibilidade, luta por direitos, memória e futuro.
Muito além da festa: os temas da Parada de SP
Cada edição da Parada traz um tema diferente, sempre conectado com as urgências da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Relembre alguns deles:
- 2009 – “Sem Homofobia, Mais Cidadania – Pelo Reconhecimento dos nossos Direitos”: Em um momento em que o casamento igualitário ainda não era reconhecido no país, o foco foi a luta por igualdade legal.
- 2015 – “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: respeitem-me!”: Uma resposta ao aumento da violência e intolerância.
- 2019 – “50 anos de Stonewall – Nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT+”: Um tributo ao cinquentenário da revolta que iniciou tudo.
- 2022 – “Vote com Orgulho – por uma política que representa”: Um chamado à participação política e ao voto consciente.
- 2024 – “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo! Vote Consciente por Direitos da População LGBTQIA+”: Reforçando a urgência de uma representatividade comprometida com os direitos da comunidade.
Orgulho é resistência

A Parada do Orgulho LGBT+ é, sim, um espaço de celebração e isso é político. Em um país onde pessoas LGBTQIA+ ainda enfrentam violência, exclusão e falta de direitos básicos, ocupar as ruas com alegria é uma forma poderosa de dizer que não aceitaremos voltar atrás, é uma chance de lembrar que existimos, amamos, lutamos e temos orgulho.
Mais do que nunca, em tempos de ameaças conservadoras e discursos de ódio, a Parada segue essencial. Porque enquanto houver preconceito, haverá luta. E enquanto houver luta, haverá orgulho.