O mundo do cinema é fascinante e nos proporciona a oportunidade de explorar uma variedade de gêneros e estilos. No entanto, não é todos os dias que encontramos uma obra que desafia as convenções do cinema tradicional e nos apresenta algo verdadeiramente único. Um desses filmes é “Passagens“, dirigido pelo aclamado cineasta americano Ira Sachs.
O Aval dos Franceses
O reconhecimento dos franceses é uma conquista valiosa para qualquer cineasta. Ira Sachs, com uma carreira sólida, recebeu tal aval quando seu sétimo longa-metragem, “Frankie“, foi selecionado para o Festival de Cannes em 2019. Embora não tenha sido o melhor trabalho de Sachs, marcou a consolidação de seu valor dentro do universo cinematográfico.
A Retomada de Ira Sachs
Quatro anos após “Frankie“, Ira Sachs retorna com “Passagens“. Este filme se encaixa melhor dentro de suas expectativas, sendo um drama mais intimista que acompanha a vida do diretor Tomas (interpretado por Franz Rogowski), que se apaixona por uma jovem professora, Agathe (interpretada por Adèle Exarchopoulos), após a produção de seu novo filme.
O Amor Louco no Cinema Francês
O conceito de “amor louco” não foi inventado pelos franceses, mas é inegável que os cineastas do país conseguiram levar esse subgênero do romance a outro nível. “Passagens” explora as idas e vindas emocionantes e surpreendentes do amor e do sexo entre Tomas, Agathe e Martin (interpretado por Ben Whishaw), criando uma narrativa envolvente.
A Sátira Sutil em “Passagens”
“Passagens” consegue equilibrar a intensidade emocional com um tom satírico sutil. Este equilíbrio é alcançado através da gramática visual do filme, onde as escolhas de figurino, iluminação e ângulos de câmera contribuem para a construção de um humor implícito.
A Narrativa Lacunar
Os roteiros de Sachs, muitas vezes escritos em parceria com Maurício Zacharias, são conhecidos por suas elipses. “Passagens” não é exceção, e cada cena contribui para a força do filme como um todo. A popularidade do “amor louco” entre os cineastas de vanguarda pode ser explicada pelo fato de que esta forma de amor prescinde de explicações ou relações de causalidade mais complexas, permitindo um maior espaço para a experimentação narrativa.
O Final Tradicional
Apesar de sua abordagem inovadora, “Passagens” adota uma conclusão mais tradicional. O desfecho do triângulo amoroso é alcançado com relativa facilidade, e o recurso a um clichê do cinema de autor – personagens em movimento contínuo – é usado para arrematar a história.
“Passagens” é um filme que desafia as convenções do cinema tradicional através de sua exploração do “amor louco”. Embora tenha algumas falhas, o filme é um exercício formal bem executado, produzido com propriedade e experiência.